Confundido com um ladrão, um professor de História foi espancado por moradores e só conseguiu se livrar do linchamento quando, segundo ele, foi obrigado a dar uma aula sobre Revolução Francesa.
André Luiz Ribeiro, de 27 anos, estava correndo na última quarta-feira (25.jun.2014) no bairro Balneário São José, quando um bar foi assaltado. “Estava de fone de ouvido, sem identificação porque moro por perto, e fui confundido com um dos três assaltantes. O dono do bar e o filho dele me acorrentaram. Umas 20 pessoas me cercaram e começaram a me bater. Acorrentaram meus braços e pernas e me colocaram de barriga para baixo na rua”, disse o professor ao jornal “O Globo”.
O professor foi socorrido por bombeiros que passavam no local. Um deles, segundo Ribeiro, teria dito: “Se você é professor de História, então dá uma aula sobre Revolução Francesa”.
“Falei que a França era o local onde o antigo regime manifestava maior força, e que a burguesia comandou uma revolta junto com as causas populares, e que havia fases da revolução. Falei por uns três minutos e perguntei se já estava bom.”
Em seguida, a Polícia Militar chegou no local, o levou para o pronto-socorro da região e depois o encaminhou para o 101º Distrito Policial (Jardim das Imbuias), onde ficou preso até sexta-feira.
Os bombeiros informaram que as “informações são improcedentes” e que não houve “desrespeito ou deboche”. O proprietário do bar assaltado, Djalma dos Santos, de 70 anos, negou que tenha espancado o professor. Questionado se tinha certeza de que Ribeiro era um dos assaltantes, ele desconversou.
“A população que acorrentou, que bateu, eu não fiz nada. Eu gritei que era ladrão e a população da rua foi atrás dele. Se ele não devia nada, vai dar uma mancada dessas de estar correndo no meio dos bandidos na hora do assalto”, disse o proprietário do bar.
O advogado de André, Cláudio Reimberg, afirmou que irá amanhã até o 58º DP (Jardim Mirna) registrar a ocorrência de lesão corporal e tentativa de homicídio.
“O professor foi preso em flagrante em cumprimento do artigo 302 do Código Penal, já que a vitima o reconheceu como um dos participantes do roubo ao estabelecimento comercial em duas oportunidades. A Justiça concedeu liberdade provisória ao acusado”, diz nota da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Os criminosos que participaram do crime ainda não foram presos.
Fonte: O Globo/Julianna Granjeia
http://oglobo.globo.com/brasil/professor-da-uma-aula-de-revolucao-francesa-para-nao-ser-linchado-13088092